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Centro de criação de animais de laboratório

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21/01/2015

CNPq cria a Rebiotério

Ao mesmo tempo em que corre para desenvolver métodos alternativos a fim de reduzir o número de animais em testes de laboratórios -  pela chamada Rede Nacional de Métodos Alternativos (RENAMA) – o governo decidiu criar uma Rede para adequar a produção em biotérios de todos os animais para propósitos científicos e didáticos, como ratos, camundongos e coelhos.

A intenção é atender de forma adequada e organizada à demanda nacional. O entendimento é de que o uso de animais ainda é imprescindível nos testes in vivo e que hoje existe um desequilíbrio entre a oferta e a procura no País, em razão do aumento considerável da produção científica nacional.

Na prática, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal agência financiadora de pesquisa experimental do País, criou a chamada Rede Nacional de Biotérios de Produção de Animais para Fins Científicos, Didáticos e Tecnológicos (Rebiotério), informou Marcelo Morales, diretor da área de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq e que comandará a rede, com exclusividade ao Jornal da Ciência.

A Rebiotério, segundo Morales, vai mapear, monitorar,   otimizar e dar suporte à produção de animais utilizados em experimentos científicos e em sala de aula. Todos  os biotérios distribuídos pelo País serão cadastrados na rede. Para Morales, essa é uma tentativa de atender aos anseios da comunidade científica pela pesquisa de qualidade envolvendo animais.

Sem querer estimar o número de animais produzidos hoje em laboratórios, para fins científicos, Morales destaca a atual necessidade da produção qualificada de animais em biotérios de produção para atender a demanda científica. Hoje, segundo disse, pesquisadores aguardam na fila um período de dois a cinco meses para receber animais com qualidade (principalmente os desprovidos de patógenos, Specific Pathogen Free – SPF) e que possam ser utilizados em experimentos científicos.  Atualmente,  a produção com qualidade é vinculada apenas a alguns biotérios que os produzem para atender as próprias necessidades e poucos são aqueles que produzem para outras Instituições.   Além disso, a importação desses animais se torna inviável, diante de barreiras sanitárias e do alto custo de importação.

No caso de roedores, responsáveis por cerca de 70% do total de animais utilizados em pesquisas científicas, Morales afirmou que a necessidade estimada de produção é de 5 milhões/ano desses animais.

Normas e legislações

Além de propor políticas de fomento para a produção de animais em biotérios qualificados, a Rebiotério prevê, ainda, acompanhar a implementação efetiva de normas e legislações especificas adotadas para uso de animais em experimentos científicos, conjuntamente com o  Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea). Deverá também estimular a qualidade de produção nos  biotérios e atender aos padrões internacionais de boas práticas de bem-estar animal. Outra função é assegurar o controle sanitário e genético, averiguando o nível de patógenos, por exemplo, e reforçar os padrões éticos adotados para os animais produzidos em biotérios.

Capacitação profissional

Para garantir a qualidade de produção dos biotérios, a Rebiotério terá o papel, dentre outros, de estimular a capacitação e qualificação de profissionais da área no exterior e no Brasil (bioteristas, veterinários, pesquisadores e etc). Assim, garantir que a produção de animais seja compatível com os padrões internacionais. “Nossa intenção é fortalecer a produção de animais de experimentação, com ética e qualidade, fazendo com o que o País torne-se referência nessa área no mundo”, disse Morales, também professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ex-coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBF). Para fazer frente a tais desafios, o CNPq aprovou a viabilidade de parcerias internacionais que possam assegurar a produção sustentável e de qualidade nos biotérios. A intenção é ampliar o interesse de empresas internacionais, com expertise em tal área, que hoje já organizam e negociam instalação no Brasil. Segundo Morales, a parceria com empresas estrangeiras pode ser por intermédio de transferência de tecnologia relacionada às práticas modernas de bioterismo; e pelo apoio à formação de pesquisadores e técnicos brasileiros dessa área no exterior. Sem querer entrar no mérito do orçamento do CNPq, Morales informou que a qualificação desses profissionais pode ocorrer também pelas bolsas do Programa Ciência sem Fronteiras.

Composição da Rebiotério

Além do CNPq, a Rebiotério será composta por representantes da comunidade científica,  e da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Seped/MCTI) e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE), do Ministério da Saúde. Terá ainda participação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), órgão vinculado ao MCTI, e de membros da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Da comunidade científica, haverá representantes da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratórios (SBCAL), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). “Nossa intenção é que a rede tenha uma abrangência nacional”, observa Morales.

Fonte: Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência

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